Pais são nosso símbolo máximo de autoridade, e talvez por isso, muito incompreendidos e julgados, para que possam nos prover de segurança e disciplina.

Pais são heróis, mas não pelos motivos que acreditamos. Em tudo que fazem há uma disposição para cuidar, prover e ajudar a crescer. São heróis por suportarem o limite que precisamos, mas não queremos enfrentar. Se aceitarmos, teremos o melhor ambiente para crescer. Se não, a vida o fará com menos carinho.

Não aceitar ao pai é não aceitar a sua realidade, o que já compõe você. Nós como filhos, temos dificuldades de encarar os pais como os seres humanos que são. Imaginamos e esperamos deles coisas que atravessam o limite do justo e possível.

E os pais que nos foram difíceis?

“Eu não consigo aceitá-lo.”

O pai, dentro do sistema familiar, tem o papel da ordem, da rigidez e da autoridade. No mundo, temos uma dificuldade de compreensão com esse papeis. Quando este assunto entra em nossa casa, na figura de um homem do qual esperamos somente o amor idealizado na nossa mente, o conflito se instala.

Muito difícil alguém ter êxito na vida se não tomou plenamente um dos pais, se os rejeita ou despreza. A pessoa pode até ter sucesso por um tempo, porque usa a raiva para agir, mas isso não se sustenta no longo prazo. Na visão sistêmica das Constelações Familiares, tomar pai e mãe, ou seja, honrá-los e aceitá-los como são e como puderam ser, é a condição para se poder tomar a vida que veio deles. Esse ato de tomar é um ato de humildade. Representa um sim à vida e ao destino.

Quem rejeita o pai, por exemplo, rejeita a si mesmo e sente-se vazio, sem realização, sem propósito de vida.

A maneira como nos relacionamos com ele, hoje e no passado, vai se refletir mais tarde na maneira como nos relacionamos com a nossa profissão, com figuras de autoridade, com os nossos parceiros (no caso das mulheres) e em como nos sentimos inseridos no mundo. A pessoa que não tomou o pai pode, muitas vezes, ter várias profissões e não se fixar em nenhuma, ou mesmo não ter profissão alguma. E quando a mãe não só oculta a identidade do pai, mas também impede o filho de ter acesso a ele por raiva ou mágoa, esse filho pode, mais tarde, como adulto, querer fugir da realidade, seja pelo consumo de drogas ou pela devoção cega a uma seita ou religião, por exemplo. É uma forma desesperada de preencher um vazio interno, uma busca secreta do pai não tomado.

Por isso é fundamental curar a relação com o pai aceitando ele da maneira como ele é, dizendo sim para ele com todos os seus defeitos e reconhecendo que ele fez o melhor que podia com as informações que ele tinha. Se a relação com o pai for difícil o filho deve reconhecer que o mínimo que ele fez já foi suficiente, pois lhe gerou a vida e ela não tem preço.

Quando, finalmente, o filho consegue aceitar seu pai, ele fica em paz consigo mesmo, sente-se inteiro e com mais força para caminhar em direção à vida, a prosperidade, a profissão e ao mundo. Nesse contexto, a Constelação Familiar funciona como ferramenta para identificar quais são esses padrões de comportamento de grupos familiares, medos, dificuldades, doenças e incompreensões que nos foram transmitidos e, com essa consciência, caminhar em direção a solução ou cura.

Dieinny Mel –Treinadora Comportamental